Por Flora Oliveira
O solo é formado pela decomposição e desagregação das rochas em um processo contínuo. Através do intemperismo e da erosão será possível o solo se formar. A partir das modificações físicas e químicas causadas na rocha o solo é formado: “... aí desempenham papel fundamental a fauna e a flora do solo que, ao realizarem suas funções vitais, modificam e movimentam enormes quantidades de material...” (TOLEDO, et. al. 2003, P. 140). Uma série de fatores são necessários para que o solo possa ser formado; estes fatores são responsáveis pelas características do solo. Para entender estes processos, é necessário entender o que é solo. De acordo com Palmieri e Larach, entendemos o que é solo:
O solo é formado por um conjunto de corpos tridimensionais, resultantes da ação do clima e organismos sobre o material de origem (...). Dentro deste ponto de vista, solo é uma parcela dinâmica e tridimensional da superfície, constituído por um conjunto de características peculiares internas e externas... (PALMIERI e LARACH, 2000, p. 66).
O clima, o relevo, o tempo, os organismos vivos são determinantes para que os solos possuam determinadas características e cores. Sob uma mesma condição climática cada tipo de rocha irá originar um diferente tipo de solo, de acordo com a constituição mineral que possuir; as diferentes formas do relevo proporcionam diferente distribuição de luz, água e calor, além de influir diretamente nos processos erosivos. O tempo de exposição na atmosfera vai caracterizar a profundidade e os horizontes no perfil do solo. (Ibidem, P. 140 – 156).
Ao longo do tempo geológico, existem processos e condições que acarretam a formação do solo. Em condições propícias e determinadas, há o desenvolvimento de vegetais, animais e microorganismos, que agem acelerando o intemperismo, fornecendo matéria orgânica que irá fazer parte da composição do solo (determinando sua fertilidade).
A rocha de onde o solo é originado sofre mudanças químicas e físicas (intemperismo) características de acordo com o ambiente, pois as condições ambientes vão determinar a velocidade com que estes processos vão ocorrer. O material de origem, o clima, o relevo, os organismos e a ação do tempo, são fatores determinantes para a origem e a evolução dos solos. A cor do solo é o reflexo da quantidade de matéria orgânica e dos compostos minerais existentes naquele corte do solo (SILVA, 1999, P. 103).
O intemperismo é o conjunto de modificações físicas e químicas que as rochas sofrem na superfície da Terra, e o produto destas modificações sofrem outros processos (erosão, transporte e sedimentação) os quais são fundamentais no processo de origem do solo. (TOLEDO, et. al. 2003, P. 140). “O solo é produto do intemperismo, do remanejamento, da organização das camadas superiores da crosta terrestre, sob a ação da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera e das trocas de energia envolvidas.” (ibidem, p. 157).
Através deste produto do intemperismo torna-se possível a vida de plantas e pequenos animais. O perfil de um solo bem desenvolvido possui camadas que são chamadas de horizontes, que vai da superfície até o material que originou o solo. Ao analisarmos o perfil do solo a característica mais evidente é a coloração: “... a cor do solo reflete as variações dos conteúdos de matéria orgânica, sílica e compostos de ferro.” (SILVA, 1999, P. 103). A cor pode revelar a presença dos constituintes minerais e até mesmo a umidade presente naquele local. A atividade biológica geralmente proporciona a coloração mais escurecida ao solo devido à acumulação de matéria orgânica. A cor do solo determina características do ambiente e dos processos que ocorrem no mesmo. De acordo com Silva, os solos mais escuros geralmente são menos suscetíveis à erosão, pois a matéria orgânica proporciona mais estabilidade aos agregados do solo. Em contrapartida, solos mais claros, tendem sofrer maiores processos erosivos e movimentos de massa; a coloração mais clara diz respeito ao teor de umidade do solo, que por ser baixa, inibe o crescimento de cobertura vegetal, aumentando a susceptibilidade aos processos erosivos. (Ibidem, p. 104).
A cor pode evidenciar a presença de certos constituintes que conferem diversas tonalidades aos horizontes do solo: a matéria orgânica (escuro), ferro (avermelhado), calcário e sais (branco), etc. pode também evidenciar o estado de certos constituintes: ferro ferroso (acinzentado ou azulado), goetita (amarelado), hematita (avermelhado). (Ibidem, p. 104).
Desta forma, pode-se chegar à conclusão de que todos os fenômenos envolvendo a natureza vão condicionar a forma, a coloração, o perfil e até mesmo os processos intempéricos e erosivos do solo. Conforme dito anteriormente, as condições favoráveis ao desenvolvimento de vegetais, animais e microorganismos são possíveis através da transformação da rocha matriz em solo, e esses organismos participam intensamente na dinâmica que proporciona a vida ao solo. Os horizontes do solo também são importantes para o ecossistema, pois cada horizonte possui características de umidade, fertilidade, minerais; o desenvolvimento de vida no interior dos horizontes é diversificado, promovendo desta forma, uma dinâmica constante no interior dos solos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PALMIERI e LARACH. Pedologia e Geomorfologia. In: GUERRA, Antônio J.T. e CUNHA, Sandra B. Geomorfologia e Meio Ambiente. 2000.
SILVA, Antonio Soares da. Análise Morfológica dos Solos e Erosão. In: GUERRA, Antonio J. T; Et. Al. Erosão e Conservação dos Solos: Conceitos, Temas, e Aplicações. 1999.
TOLEDO, M. Cristina Motta de; Et. Al. Intemperismo e Formação do Solo. In: TEIXEIRA, Wilson; Et. Al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
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